Registra-se
na Historiografia local o ano de 1844 como o marco cronológico inicial da
História de Piripiri, com a chegada do Padre Domingos de Freitas e Silva. Vindo
da Vila da Parnaíba, instalou-se provisoriamente nas terras da propriedade
Gameleira, na freguesia de Piracuruca em meados dos anos 1830, antes de chegar
à região chamada de data “Botica”, sesmaria doada a Antônio Fernandes de Macedo
em 1777.
Chegando
nestas terras, o Padre Freitas iniciou o seu aproveitamento através de uma
fazenda para criação de gado que recebeu a nomeação de “Fazenda Piripiri”. Além
da pecuária, as instalações da fazenda também desempenhavam as atividades de
produção de farinha, e o do aproveitamento do engenho de cana para fabricar
cachaça e rapadura.
Construída no mesmo
período, sua “Casa da fazenda”, com amplas portas, janelas e acomodações, foi a
primeira edificação deste lugar. Ao lado fora construída uma capela em
homenagem a Nossa Senhora dos Remédios, onde o próprio fundador celebrou a
missa inaugural. Estas duas, portanto, são as primeiras construções da história
de Piripiri. Pelo menos até meados de 1855. Observamos este referido ano, como
um momento estratégico para o crescimento populacional nessas terras: o Padre
Freitas as dividiu em lotes e os doou a quem quisesse aqui edificar. Portanto,
uma visionária iniciativa nos moldes de uma “reforma agrária”, segundo a
escritora Cléa Rezende Neves de Melo.
No ano de 1857, já
havia nestas terras um considerável número de moradores. Hoje não restam mais
dúvidas sobre a pessoa que fundou Piripiri, apesar de que, “velhos troncos da família
Medeiros e outros menos expressivos habitavam na região”, segundo a
historiadora Judith Alves Santana, estes não tinham como finalidade a ampliação
do lugar. Só observamos esta real iniciativa do desenvolvimento de um núcleo
populacional a partir da chegada de Domingos de Freitas e Silva.
Um fato que nos chamou atenção fora que no
ano de 1887, algo que podemos chamar de o "primeiro recenseamento de
Piripiri" onde foram verificados a 8 de outubro:
"Existem dentro da
décima setenta e quatro casas cobertas de telhas, uma Igreja Matriz de boa
construção, uma Capela também de boa construção, um cemitério, uma casa que
serve para as seções da Câmara e Jury e parte da mesma ocupada pelo Quartel de
Cadeia, uma boa morada de casas que serve de Estação telegráfica e setenta e oito
casas cobertas de palha".
O processo de formação das cidades
brasileiras, durante os primeiros séculos esteve fincado na tríade: povoado (distrito
ou arraial), vila e cidade. Observemos a evolução política de Piripiri:
Data-se de 1860, em 25 de agosto, o primeiro
título recebido por esta povoação, o título de Distrito de Paz, neste mesmo ano é iniciado o processo educacional
neste lugar, onde o sacerdote abre uma escola de primeiras letras e outra de
latin regidas por ele próprio, tendo como alguns de seus discentes: Simplício
Coelho de Rezende e Tomáz Rebello, outros notórios nomes que jamais poderão ser
apagados da memória piripiriense. Nesse mesmo período Judith Santana registra
que algumas fazendas circundavam a povoação, entre elas destacaram-se: Fazenda Gameleira, Casa do Desterro, Casa do
Curral de Pedras, Casa da Caiçara, Casa do Piripiri do Corrente e Casa da
Residência.
A Lei provincial n° 689, de 16 de agosto de
1870, eleva o distrito à categoria de paróquia,
ligado civilmente a Piracuruca. (falaremos sobre a lei regulamentadora no
próximo artigo: Códigos de Postura – Sociabilidade do urbano)
No ano de 1874 já éramos vila, através da lei 849, de 16 de junho do referido ano. Onde a
oficialização deste ato se deu a 18 de
setembro, onde mais tarde nomearia uma das principais ruas da cidade.
Revendo os autos da inauguração desta vila,
alguns fatos nos chamaram atenção e valem serem aqui citados:
“Esta lei só terá execução depois que houver
quem ofereça grátis por espaço de oito anos uma casa com as comodidades
precisas para funcionar a Câmara Municipal e o juiz também suficiente divisão
para Juizado.”
Comovidos por esta obrigatoriedade, outros
dois ilustres piripirienses se encarregaram da tal doação, não só do prédio,
como também de toda mobília necessária para o seu funcionamento eram eles: Antônio Albino de Araújo e Silva
juntamente com Estêvão Rabelo de Araújo
e Silva, hoje também nomes de ruas de nossa cidade.
Em 1875, com a devida estrutura, são
iniciadas as atividades da Câmara
Municipal, datando em 14 de janeiro, onde coube a Antônio Alves de Oliveira Lopes, o título político de primeiro
administrador oficial da nova Vila. Lembremos neste momento que ainda éramos
regidos pelas leis imperiais, onde as câmaras municipais exerciam um número de
funções muito maior do que atualmente.
O próximo título que faltava seria o de Cidade politicamente autônoma, fato que
ocorreu em 1910. Porém, este fato merece um artigo especial, que falaremos em
outro momento.
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